A Filha do Meu Melhor Amigo

NENHUMA BELEZA AMERICANA

Exibido pela primeira vez em 2011, no Festival de Toronto, esse filme penou até conseguir ser lançado no Brasil. Com o título original de The Oranges , a produção terminou com o genérico A Filha do Meu Melhor Amigo , por aqui. Não são ótimos esses títulos brasileiros que tentam simplificar a história, ao mesmo tempo enfiando no título a sinopse da obra. Será que o público por aqui não se dá nem ao trabalho de ler sobre o que o filme se trata, e precisa ter o título lhes dizendo.

A distribuidora nacional deve ter ficado na corda bamba para saber se lançava o filme nos cinemas, mesmo com atraso, ou em vídeo – o que seria mais indicado. Mais uma vez friso o fato de que ao invés de comédias banais como A Filha do Meu Melhor Amigo , os cinemas brasileiros dispensam sensações como Spring Breakers – Garotas Perigosas , e filmes importantes como 42 – A História de uma Lenda . Mas a culpa principal é do grande público que se contenta em assistir a mesma coisa pela milésima vez.

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A Filha do Meu Melhor Amigo não chega a ser um desastre de trem como os recentes O Casamento do Ano e Gente Grande 2 . Na trama, somos apresentados a duas famílias de classe média alta dos subúrbios americanos. O protagonista do filme é David, papel do eterno Dr. House da série de TV, Hugh Laurie . Ele é casado com Paige, vivida pela rainha dos filmes independentes americanos Catherine Keener ( Paz, Amor e Muito Mais ), mas seu casamento já esfriou há um tempo. Os dois são pais de Vanessa, personagem da exótica Alia Shawkat (da série Arrested Development ).

Seus vizinhos são Terry e Cathy, vividos por Oliver Platt ( Ginger & Rosa ) e Allison Janney ( Histórias Cruzadas ). Como esfregado em nossas caras pelo título, David e Terry são amigos, compartilham os mesmos interesses de homens da classe alta e meia idade, como sair para correr juntos. A trama começa realmente a girar com a chegada da filha problemática dos vizinhos, interpretada por Leighton Meester ( Este é o Meu Garoto ). Ela é uma jovem perdida que contradiz o falso moralismo de seus pais.

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Ao ser abandonada pelo namorado, por quem estava disposta a nunca mais ver a família, a jovem volta com o rabo entre as pernas para a casa dos pais. Depois de uma breve reunião com as duas famílias, Nina ( Meester ) como uma criança mimada continua em seu curso de autodestruição, e destruição de vidas ao redor, quando se envolve com o apático protagonista. Aliás, o termo usado para definir o personagem se encaixa também perfeitamente na performance sem vida e sem vontade do quase sempre bom Laurie .

O ator parece desconfortável em muitas das cenas. O relacionamento entre os dois surge a troco de nada, e nunca compreendemos o porquê de quererem enfrentar tudo e todos em nome de tal situação. Talvez tenha faltado fogo no roteiro para demonstrar isso, ou quem sabe nas performances. O que notamos é que a frustração de um, e a insatisfação de outro, em relação a suas vidas, são os causadores do estopim, e não seus sentimentos um pelo outro. Talvez vendida para salientar certa podridão na superficialmente perfeita casa americana dos subúrbios, A Filha do Meu Melhor Amigo termina como versão requentada e para adolescentes do grande Beleza Americana .

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A obra não é de todo ruim, e tenta salpicar questões para discussões inteligentes, entre uma cena de pastelão e outra, como quando a personagem de Keener persegue seu marido infiel com o carro atropelando os ornamentos natalinos do jardim. Por ser uma obra do cinema independente americano, notamos a vontade do diretor britânico Julian Farino em querer dizer algo – sem grandes orçamentos e intromissão dos estúdios, esse tipo de cinema pode se desenvolver de forma mais natural. A obra talvez esteja sendo impulsionada para os cinemas daqui, para testar a popularidade do protagonista, adorado pela série citada.

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