Cannes 2024 | Conheça TODOS os filmes BRASILEIROS presentes no Festival

Na próxima terça-feira, dia 14 de maio, começa a 77ª edição do Festival de Cannes , o maior evento de cinema do mundo. Este ano, o Brasil concorre à Palma de Ouro — a última vez foi com Bacurau   , de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles , em 2019; ganhador do Prêmio do Júri  —, e apresenta ainda outros dois longas-metragens em mostras paralelas. 

Além disso, nosso país é representado por dois curtas-metragens, um documentário sobre o atual presidente, e ainda uma obra memorável do nosso cinema, na seção Cannes Classics . Conheça todos os nossos sete representantes em detalhes abaixo e as possibilidades de prêmio para o Brasil. Afinal de contas, o Festival de Cannes é a maior janela cinematográfica da nossa sétima arte para o mundo.  

Próxima Palma de Ouro? 

Motel Destino , de Karim Aïnouz 

Esta é a sexta participação de Karim Aïnouz no Festival de Cannes , desde a seleção de Madame Satã , na mostra Um Certo Olhar, em 2002 . Com um prêmio de Melhor Filme da Competição Um Certo Olhar em 2019, por A Vida Invisível , o diretor cearense disputa pela segunda vez a Palma de Ouro, só que pela primeira vez pelo nosso país. O Brasil ganhou o prêmio maximo apenas uma vez com O Pagador de Promessas , de Anselmo Duarte, em 1962.

Ano passado, Karim Aïnouz apresentou Firebrand , protagonizado por Jude Law e Alicia Vikander , na mostra competitiva. O filme obteve uma recepção pouco calorosa — apenas 53% de apreciação no Rotten Tomatoes (RT) — e ainda é inédito no Brasil. Longe da Europa, Motel Destino é um thriller erótico rodado inteiramente no Ceará e protagonizado pelos atores locais Iago Xavier e Nataly Rocha , além de Fábio Assunção.

Veja também : Exclusivo | Entrevista com Karim Aïnouz: “Tive que ser convencido a fazer Firebrand” [Cannes 2023]
Fábio Assunção em ‘Motel Destino’

Em coprodução com França e Alemanha , Motel Destino é descrito como um palco de jogos perigosos de desejo, poder e violência. Sua curta sinopse revela que numa noite, a chegada do jovem Heraldo ( Iago Xavier ) transforma em definitivo o cotidiano do local. Quando anunciado na seleção oficial de Cannes 2024, Karim Aînouz revelou mais sobre a obra: 

Eu me inspirei bastante na pornochanchada e no cinema noir. Posso resumir Motel Destino como um thriller erótico, mas ele é, antes de tudo, uma história de amor. O amor entre um jovem periférico que vive à revelia de um sistema que o quer morto e uma mulher que resiste aos atentados do patriarcado contra a sua própria vida ”, compartilha o cineasta brasileiro . O filme estreia dia 22 de maio no festival. 

Competições Paralelas 

Baby , de Marcelo Caetano 

Com seu segundo longa-metragem, sete após o elogiado Corpo Elétrico —  lançado no Festival de Roterdã 2017 —, Marcelo Caetano está entre os sete filmes em competição na Semana da Crítica . A mostra é o rganizada pelo Sindicato Francês de Críticos de Cinema e direcionada a revelar promissores diretores de primeira ou segunda viagem. 

Em coprodução com França e Holanda, Baby narra a trajetória de Wellington ( João Pedro Mariano ) logo após ser liberado de um centro de detenção para jovens. Sem rumo, ele vê-se à deriva nas ruas de São Paulo. Durante uma visita a um cinema pornô, o rapaz conhece Ronaldo ( Ricardo Teodoro ), um garoto de programa, que lhe ensina novas formas de sobreviver. Aos poucos, a relação dos dois se transforma em uma paixão cheia de conflitos, entre a exploração e a proteção, o ciúme e a cumplicidade.

Não deixe de assistir:

Cena de Baby, em competição pelo Palm Queer em Cannes

Além dos dois protagonistas, o elenco conta com Ana Flavia Cavalcanti , Bruna Linzmeyer e Cleo Coelho . Todos os atores e atrizes estarão presentes na estreia mundial no festival dia 21 de maio . Além dos prêmios da mostra paralela, Baby concorre a Palma Queer , prêmio criado em 2010 e concedido a filmes relevantes para o movimento LGBTQIA+, ao lado de Motel Destino e outros 16 títulos. 

De acordo com anúncio da diretora da Semana da Crítica , Ava Cahen : “ Baby é um retrato vibrante de um outsider tentando sobreviver em São Paulo. Romanesco em sua narrativa, esse melodrama queer, ora doce, ora duro, é o retrato de uma realidade social desafiadora ao mesmo tempo que conta uma história de amor moderna. Um filme emocionante e flamejante com atores carismático s”, declara a curadora da mostra. 

A Queda do Céu , de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro 

Gabriela Carneiro da Cunha e Eryk Rocha

Selecionado para a mostra Quinzena dos Cineasta , a coprodução Brasil, Itália e França, A Queda do Céu , de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha , é uma espécie de adaptação do livro homônimo de Davi Kopenawa , xamã Yanomami e um dos maiores líderes indígenas do mundo, e de Bruce Albert , antropólogo francês. No seu campo de estudo, a obra é considerada  como um clássico contemporâneo. 

Esta é a terceira vez do cineasta Eryk Rocha no Festival Cannes . Em 2004, ele apresentou o curta Quimera e, em 2016, recebeu o Olho de Ouro L’Œil d’or , prêmio de Melhor Documentário no Festival —, por Cinema Novo , seu sétimo longa. Já Gabriela Carneiro da Cunha estreia em Cannes e na direção com este projeto, concorrendo ao prêmio Olho de Ouro 2024 .

A Queda do Céu, de Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha

A Queda do Céu é centrado na festa Reahu, ritual funerário e a mais importante cerimônia dos Yanomami, que reúne centenas de parentes dos falecidos com a finalidade de apagar todos os rastros daquele que se foi e assim colocá-lo em esquecimento. O documentário segue três eixos fundamentais do livro: Convite, Diagnóstico e Alerta.

Com estreia marcada no dia 19 de maio no Festival, A Queda do Céu apresenta a cosmologia do povo Yanomami, o mundo dos espíritos Xapiri, o trabalho dos xamãs para segurar o céu e curar o mundo das doenças produzidas pelos não-indígenas, o garimpo ilegal, o cerco promovido pelo povo da mercadoria e a vingança da Terra. 

Curtas-Metragens 

Amarela , de André Hayato Saito

André Hayato Saito, diretor de ‘Amarela’

Com seu sétimo curta-metragem, Amarela , o cineasta nipônico-brasileiro André Hayato Saito faz sua estreia em Cannes. O filme concorre à Palma de Ouro da sua categoria, ao lado de outras 10 produções do mundo inteiro. A obra será apresentada no dia 24 de maio

Amarela acompanha Erika Oguihara ( Melissa Uehara ), uma adolescente nipo-brasileira que rejeita as tradições de sua família japonesa e está ansiosa para comemorar um título mundial de futebol pelo Brasil. Em 1998, na final da Copa do Mundo, entre Brasil e França, ela vivencia uma violência que parece invisível e mergulha em um mar de emoções dolorosas.

Melissa Uehara em ‘Amarela’

A Menina e o Pote , de Valentina Homem

Após estreia em Cannes na Quinzena dos Realizadores em 2016, com o curta Abigail , Valentina Homem volta a Croisette na seleção de curtas da Semana da Crítica para apresentar A Menina e o Pote , no dia 21 de maio. Esta animação é adaptada de um conto escrito pela própria cineasta em 2012, uma parábola sobre cosmogonia ameríndia e plantas sagradas amazônicas. 

A Menina e o Pote, de Valentina Homem

Com técnica de pintura sobre vidro, A Menina e o Pote reflete a jornada da protagonista em um mundo distópico, no qual ao quebrar o seu pote — objeto que guarda um segredo em seu interior — abre portais para universos paralelos. A protagonista fala em Nheengatu , dialeto a partir de uma língua indígena de influência europeia no século XVI.

Sessões Especiais: clássico e documentário

Lula , de Oliver Stone

Oliver Stone em ‘LULA’

Ganhador de três Oscar, Oliver Stone dispensa apresentações. Ao lado do produtor Robert S. Wilson , o cineasta estadunidense constrói um retrato íntimo e evocativo de uma das figuras políticas mais influentes e populares do mundo: o atual presidente do Brasil  Luiz Inácio Lula da Silva . Concorrente ao Olho de Ouro , o filme será apresentado na Cannes Première , no dia 19 de maio

O documentário Lula explora a ascensão, queda e retorno triunfante do presidente nas eleições de 2022. Beneficiando-se de um acesso privilegiado sem precedentes a Lula e seus assessores mais próximos, Oliver Stone lança luz sobre a personalidade do carismático líder político durante uma série de entrevistas (sem filtros) e revela o lado de obscuro da operação anticorrupção “Lava Jato”, com a ajuda do jornalista investigativo  Luke Harding , autor de Os Arquivos Snowden , cujas revelações levaram à libertação de Lula. 

Lula no documentário de Oliver Stone.

Bye Bye Brazil , de Cacá Diegues

Em celebração aos 44 anos de lançamento de Bye Bye Brazil na Competição pela Palma de Ouro em 1980 — abocanhada por Kagemusha, a Sombra de um Samurai , de Akira Kurosawa —, o Festival de Cannes projeta pela terceira vez a obra de Cacá Diegues em sua programação, a segundo foi em 2004. Protagonizado por Betty Faria e José Wilker , Bye Bye Brazil passa na seção Cannes Classics no dia 20 de maio.

Leia também : 40 Anos do Filme Bye Bye Brazil | Por que a nova geração precisa conhecer esta obra?

Com ousadia e coragem, o cineasta Carlos Diegues apresenta um país em plena transição industrial e política a partir dos personagens Salomé ( Betty Faria ), Senhor Cigano ( José Wilker ) e Andorinha ( Príncipe Nabor ), três artistas itinerantes que percorrem o país junto com a Caravana Rolidei. Eles se apresentam para o setor mais humilde da população brasileira que não tem acesso à televisão, pelo caminho junta-se a eles o acordeonista Ciço ( Fábio Jr. ) e sua esposa, Dasdô ( Zaira Zambelli ).

Cinema do Brasil em Cannes

Agente Secreto , de Kleber Mendonça Filho 

Em entrevista ao CinePOP , no Festival de Cannes 2023, Kleber Mendonça Filho já havia revelado seu próximo trabalho em pré-produção: O Agente Secreto , ao lado de Wagner Moura ( Guerra Civil ) e Maria Fernanda Cândido ( A Paixão Segundo G.H. ). O longa é um suspense político ambientado em 1977, no qual Marcelo ( Wagner Moura ), um professor universitário, está em fuga de São Paulo para o Recife, escapando de agentes da ditadura por conta das suas atividades consideradas subversivas. 

Veja também : Cannes 2023 | Entrevista Exclusiva com Kleber Mendonça Filho – Retratos Fantasmas
Kleber Mendonça Filho no Festival de Cannes 2023

Com quatro passagens pelo Festival, uma delas com júri em 2021, Kleber Mendonça Filho apresentara o projeto à distribuidores internacionais durante o Festival de Cannes 2024 . A estreia nos cinemas está prevista para 2025.  Assim como outros projetos nacionais estarão presentes no estande Cinema do Brasil , no Marché du Film , isto é, Mercado do Filme abertos à negociação com produtores, distribuidores e vendedores internacionais.

Acompanhe o F estival de Cinema de Cannesno CinePOP, de 14 a 25 de maio de 2024.

Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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