John Cenavem consolidando sua carreira no subgênero fílmico da comédia de ação. Aproveitando seu porte físico forte, o ator, que começou como lutador de luta livre profissional, não tem pudores para mostrar o corpo – como foi visto recentemente na cerimônia de entrega do Oscar, em que Johnapareceu nu no palco, coberto apenas pelo envelope da premiação. Tudo isso é a construção de imagem que o ator e sua equipe vêm investindo, e que vem rendendo-lhe principalmente papéis de filmes de comédiacom um pezinho na ação, tal como podemos ver no lançamento do final de semana na Prime Video, ‘ Herói por Encomenda’.
Mason Pettits( John Cena, de ‘ O Pacificador’) sempre buscou um propósito na vida, e só o encontrou quando se juntou às Forças Armadas do EUA. Dentre seus iguais, Masonera feliz, até que, durante uma operação especial, toda a sua equipe fora assassinada numa emboscada, e Masonfoi o único sobrevivente. O tempo passou, Mason se afastou desse mundo, agora é um pai de família e advogado, e completamente infeliz nessa nova vida. Quando Sebastian Earle( Christian Slater, de ‘ Robin Hood: O Príncipe dos Ladrões’) chama Masonpara trabalhar num caso especial em sua mais nova agência de segurança privada, Masonfica balançado, mas acaba topando fazer a segurança particular da repórter Claire Wellington( Alison Brie, de ‘ Bela Vingança’) enquanto ambos viajam para a Paldônia para entrevistar o presidente daquele país, Venegas( Juan Pablo Raba, de ‘ Narcos’). Só que no meio de tudo, uma tentativa de golpe de Estado faz com que o trabalho simples de Masonse torne muito mais complicado.
Partindo de como John Cenavem se apresentando no mercado e até mesmo do próprio título do filme, ‘ Herói por Encomenda’, o espectador é levado a imaginar que o longa se trata de uma produção bobeirol, de riso fácil que até envolvem certas sequências de ação. Não é o caso – ou, ao menos, não é apenas isso. Curiosamente, o roteiro de Jacob Lentzé, em sua essência, uma crítica aos sistemas políticos, com especial recorte às gerências das Américas do Sul e Central, no filme representados pela fictícia Paldônia.
Com o pretexto da tal entrevista presidencial, ‘ Herói por Encomenda’ coloca o ex-agente das forças especiais estadunidense literalmente no papel do herói salvador, aquele que, sozinho, vai lutar contra a iminência do golpe de Estado. Por trás dos panos, há a crítica para mostrar como há elementos externos que interferem na aparente política livre local e como, no fim das contas, tudo é uma grande encenação. Apesar da crítica interessante, a forma como essa história é contada pelas mãos do diretor Pierre Morel(de ‘ Busca Implacável’) é estranha, com um humor que beira o histerismo e piadas tão estrategicamente colocadas que não provocam riso. Há, ainda, cenas totalmente desnecessárias, como uma inteirinha de uma menina dançando balé para nada ou a cena em que os atores aparecem pelados apenas para reforçar uma conotação sexual que não se concretiza em nenhum momento no filme – ou seja, tá lá, recorrentemente, como um reforço de estereótipo de que abaixo dos trópicos, tudo é sexualizado.
Genérico e interessante por motivos diferentes, ‘ Herói por Encomenda’ entretém de maneira curiosa e oferece uma reflexão crítica para quem quiser prestar atenção.