Crítica | Kadaver – Uma ‘Alice no País das Maravilhas’ Versão TERROR na Netflix

Os contos de fadas nem sempre buscavam alcançar (apenas) o público infantil. Quando escritos, por vezes eles visavam também o público adulto e possuíam mensagens subliminares oriundas de períodos sombrios da humanidade. Hoje, muitos estudos ajudam a esclarecer essas histórias, o que as abre para novas possibilidades de olhares. Através dessa nova perspectiva, chega à Netflixo terror ‘ Kadaver’.

Numa cidade arrasada pela guerra, onde as pessoas sequer têm o que comer e literalmente estão morrendo de fome e de frio pelas ruas, uma família tenta sobreviver escondida em casa. A pequena Alice( Tuva Olivia Remman) tem medo do bicho-papão, mas sua mãe, a ex-atriz Leo( Gitte Witt), os espanta para longe. Mas a verdade é que a família está na miséria, e Leotenta usar o lúdico para que a realidade não afete sua filha. Tudo muda certa noite com a chegada de um misterioso teatro à cidade, que oferece aos moradores não só entretenimento, mas também um prato de comida. Com essa proposta tão atraente, Leo, Alicee Jacob( Thomas Gullestad) vão ao teatro de Mathias( Thorbjørn Harr), onde realidade e ficção se misturam de maneira bizarra e nada é o que parece.

Embora muitas pessoas possam achar ‘ Kadaver’ previsível, ele só o é por uma única razão: o espectador já conhece o caminho dessa história por conta de seu grande referencial, ‘ Alice no País das Maravilhas’. Os principais elementos da história de Lewis Carrollestão lá: a menina loira Alice, o coelho, o chá (que no filme vira um banquete), o anfitrião maluco ( Mathias), o “corte a cabeça deles”, o espelho, os buracos, a questão do tempo e os inúmeros caminhos pelos quais se deve percorrer para voltar para casa. Não à toa, quando a família chega ao teatro, o mote do longa é apresentado pelo personagem Mathias, que vira para a pequena Alicee convida: “ Alice? Você me deixa mostrar o meu País das Maravilhas para você?”

Com um argumento tão maneiro como esse e uma boa execução, Jarand Herdalacerta o tom na direção e no roteiro de ‘ Kadaver’, desenrolando-o no tempo certo e uma boa produção de arte, ainda que perca um pouco de fôlego no terço final. Mesmo que o conceito do longa seja entregue de bandeja (com o perdão do trocadilho), muitos espectadores podem não pescar essa ideia, e tá tudo bem porque o filme se resolve mesmo sem essa perspectiva aliciana.

Outro aspecto muito interessante de ‘ Kadaver’ (cujo título não faz jus à profundidade da produção, embora sirva para atrair o cinéfilo) é que ele manipula a curiosidade do espectador fazendo seus protagonistas irem atrás das informações junto com a gente. Aliás, essa é a proposta do tal teatro fictício: através do viés da peça itinerante, o público deve seguir os atores dentro da mansão de acordo com sua vontade, indo atrás do personagem cujo conflito lhe pareça mais interessante; em contrapartida, esses atores devem compor cenários super atraentes, de modo a fisgar o público.

Pelo viés do terror slashere clássico, o longa norueguês ‘ Kadaver’ é uma das produções mais originais da Netflixe, em duas horas de duração, entretém e gera repulsa – como um bom filme de terror deve fazer.

Siga-nos!

2,000,000 Fãs Curtir
370,000 Seguidores Seguir
1,500,000 Seguidores Seguir
183,000 Seguidores Seguir
158,000 Inscritos Inscrever
Os contos de fadas nem sempre buscavam alcançar (apenas) o público infantil. Quando escritos, por vezes eles visavam também o público adulto e possuíam mensagens subliminares oriundas de períodos sombrios da humanidade. Hoje, muitos estudos ajudam a esclarecer essas histórias, o que as abre... Crítica | Kadaver – Uma ‘Alice no País das Maravilhas’ Versão TERROR na Netflix
Mobilize your Website
View Site in Mobile | Classic
Share by: