13
E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
14
E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas
.
( Mateus 16:13 e 14 )
Leituras apressadas das Escrituras podem nos levar a compreensão simplória e errônea de determinados textos. Esse é um desses casos. A primeira vista entendemos que Jesus perguntava acerca de si mesmo, como na nossa língua portuguesa: "Quem dizem que "eu" seja ( ou sou)?
Porém conforme demonstrado em outra postagem nesse mesmo blog ( O filho do Homem ), na língua grega essa construção era improvável linguísticamente e falar de si mesmo usando a expressão "filho do homem" incomum a ponto de não ser entendida pelas pessoas por não fazer parte de fala diária.
A resposta é portanto outra: Jesus perguntava aos seus discípulos quem os homens, as pessoas de sua época pensavam acerca do Messias, o Filho do Homem predito pelos profetas, objeto da esperança segundo a fé dos Israelitas. Como não sabiam quem seria esse "Filho do homem" julgava ser um de seus heróis e profetas: João Batista que fora recentemente decapitado; Elias que houvera sido arrebatado em uma carruagem de fogo e portanto não morrera; Jeremias e um ou outro dos profetas do Antigo Testamento.
Para dirrimir qualquer dúvida, que não era sobre si que o Senhor Jesus perguntara ( quem dizem que eu seja?) todos sabiam que João Batista era uma pessoa e Jesus de Nazaré outra pessoa.
Continuando a gora Jesus questiona seus discípulos, agora sim perguntando-lhes sobre Si mesmo:
15
Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?
16
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
( Mateus 16:15 e 16 )
Aparentemente não era propósito que as pessoas soubessem da natureza de seu ministério messiânico aquela altura dos acontecimentos. O propósito era , aparentemente de dar essa compreensão primeiramente aos discípulos e não as multidões.
As multidões eram por Ele ( o Senhor ) curadas e ensinadas e sinais e maravilhas e eram feitos diante de seus olhos e o amor de Deus demonstrado de forma real e presente diante deles, mas os segredos dos céus estariam sendo revelados paulatinamente aos discípulos primeiramente.
Prova disso está no capítulo seguinte Mateus 17: 1 a 13 :
1
SEIS dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte,
2
E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.
3
E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4
E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias.
5
E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o.
6
E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo.
7
E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo.
8
E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus.
9
E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos.
10
E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
11
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas;
12
Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem.
13
Então entenderam os discípulos que lhes falara de João o Batista
( Mateus 17:1 a 13 )
As revelações eram tão surpreendentes e contrariando as expectativas dos discípulos que eram todos judeus e israelitas conhecedores da fé judaica que mesmo o próprio Senhor lhes mostrando, ensinando e estando com eles, tinham certa dificuldade de assimilar todas as coisas ditas e mostradas pelo Senhor.
O texto a seguir torna-se mais surpreendente se o relacionamos com os fatos anteriores registrados e narrados no final do capítulo 15 e início do 16 de Mateus:
14
E, quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele, e dizendo:
15
Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água;
16
E trouxe-o aos teus discípulos; e não puderam curá-lo.
17
E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazeimo aqui.
18
E, repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou.
19
Então os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, disseram: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
20
E Jesus lhes disse: Por causa de vossa incredulidade; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível.
21
Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.
( Mateus 16: 14- 21 )
Após a experiência única da transfiguração ao voltarem para o mundo mais real, para o meio das pessoas, para a obra determinada pelo Senhor para que a fizessem, não a podem fazer e o homem do relato, pai de um filho endemoniado, vai diretamente ao Senhor e Lhe expõe o problema.
Claro o Senhor expulsa o demônio e adverte os seus discípulos, que antes lhe inquirem, por que razão naquele caso, não puderam expulsar o demônio ( claramente a Bíblia registra que eles expulsavam demônios de muitas pessoas, não era o primeiro caso, não era uma iniciação para eles ).
Para nossa surpresa, e certamente o foi para eles, a razão era a incredulidade!
Como? sabiam que Jesus era o Filho de Deus vivo ( conforme vimos no capítulo 15 ) e manifestavam incredulidade?
Sim frequentemente confundimos incrédulo com incredulidade. Eles não eram incrédulos, tinha a fé na pessoa de Jesus e o reconheciam como Deus e Filho do Deus vivo e mesmo assim eram incrédulos e a tal casta de demônios não os obedeciam quando mandados por eles ( pelos discípulos ) que deixassem os corpos das pessoas.
Os demônios percebem quando não cremos, semelhantemente as feras selvagens quando farejam o medo nas suas presas e até nos seres humanos.
Outro motivo apontado por Jesus cheira a coisa antiga e ultrapassada para crentes nos dias de hoje: oração e jejum.
A diferença entre igrejas, denominações, teologias não é o que vemos exatamente e o que priorizamos. Nas nossas próprias vidas como crentes individuais é exatamente assim.
Não importa se você pastor, membro de igreja, com cargo ou sem ele, reformado, renovado, pentecostal, neopentecostal, cujas igrejas sejam silenciosas ou barulhentas, com ou sem boa música, rica ou pobre. A diferença é se há em qualquer dessas igrejas crentes com fé ou crentes incrédulos, para fazerem, a verdadeira obra de Deus hoje, obra a ser realizada, como foram as obras feitas no passado, tanto pelo próprio Senhor Jesus, como por meio de seus discípulos.
Ou a Bíblia diz o que realmente diz, ou o texto é apenas moral e metafórico. Não há demônios, endemoniados, crentes incrédulos, e a oração e o jejum não passam de praticas purificadoras morais da mente e das toxinas devido a práticas alimentares errôneas e essas passagens não tem nada de sobrenaturais nelas, nem a transfiguração, nem os demônios e endemoniados, nada.
Pode ser difícil e duro admitir que o seu pastor ou o meu pastor é um homem incrédulo, com seu diploma, suas especializações, com décadas ou mais de ministério e como a sua denominação o vê.
Ou eu mesmo, quando a minha fé é impotente, consiste apenas em uma bem arranjada retórica e só é eficiente,aparentemente, entre os meus pares. Diante do inimigo, Satanás e os seus demônios, ou eles ignoram ou zombam ( não sei o que é pior ).
Há uma fé para salvação e outra para fazer a obra de Deus. Uma fé que nos faz reconhecer a verdade, mas uma outra fé que nos fará andar sobre as águas. Vale a pena percorrer a Bíblia do Velho ao Novo Testamento e descobrir a sentido dada a fé em cada passagem, registro ou referência. Nota: não é o sentido genérico usado por nós hoje.
Por Helvécio S. Pereira
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